Acredito, sim, que perdemos todos. Espero que os próximos meses me provem errada. Enquanto isso, que se mantenha a tolerância, a empatia. O olhar o outro sem ódio, sem oposições raivosas.
O outro não é apenas um voto. Apesar das diferenças há muito mais e por vezes esse mais nos aproxima. Quiçá tenhamos até mais semelhanças do que diferenças. Você é mais do que eu vejo quando olho um eleitor que esteve do lado do vencedor, mesmo que esse vencedor traga um discurso que fere tantas vidas. Ainda assim, defendo sua liberdade de escolha. É o que eu prego, mas falar é facil.
Hipócrita. Foi assim que me senti neste fim de noite de ressaca eleitoral. De um modo, adotei a postura daqueles que eu tanto critico, que carregam tochas incendiárias e as usam a esmo, deixando o fogo consumir suas pontes. Tomei essa lição pois alguém me estendeu a mão e me disse “olha, não estou disposta a deixar que nossas diferenças nos separem”.
Desarmar o diálogo. Baixar a guarda. Ser melhor do que fui, exercício diário. Entristeço mas não me julgo. Entristeço porque me decepcionei comigo, mas tenho paciência, porque hoje eu cresci.
Aprendemos com os erros cometidos e recomeçamos. E deve ser constante. Aprendamos com os erros cometidos e recomecemos. Errei, fui reativa e me deixei levar pelo automatismo do não-dialogar, do ignorar, do desvalidar a escolha do outro. Fiz o que tanto me fere, o que tanto critico. Errei e reconheço. Errei e recomeço. Gente é para acolher e ser acolhida. É nisso que acredito. Não é fácil fazê-lo.
Todos os lados são o lado de cá. Apesar das discordâncias, apesar da autofagia, apesar do matar-se, ou querer matar-se, não há ‘eles’, existe apenas ‘nós’. Existimos. Grata pela lição. Por causa dela me enxergo por outro ângulo, por causa dela serei melhor. E serei resistência.
Com amor, Cristina.
28/10/2018